A tradição junina deu lugar a uma bagunça de ritmos
Imagem da internet
A tradicional quadrilha junina, deu lugar ao carnaval
Imagem da internet
Quem me dera voltar no tempo e ser "adolescente outra vez" (entre aspas para não viver tudo que vivi, apenas se tratando do são joão). Ajudar na confecção da fogueira, subir no pé de curindiba para colher laranja e milho verde: "oxente no pé de curindiba?" Era tradição e o Sr. Neco, gerente da fazenda Cravelândia, fazia tudo com perfeição.
Dona Maria sua esposa, com maestria preparava a canjica, pamonha, cozinhava o amendoim, enquanto minha mãe se juntava com Dina, Nilza, Terezinha, Vera, Sônia e a minha irmã mais velha, Rona para o preparo do licôr de jenipapo. Não podia esquecer das pilhas para a vitrola Philips amarela tocar o forró de Zé Mamédio, Cremilda, Trio Nordestino e outros. Anarriê!
Com o tempo, fui percebendo que a vitrola já se transformava em aparelhagens sofisticadas, graças ao avanço da ciência. A laranja e o milho já não aparecem mais nas árvores improvisadas no terreiro de casa, o licôr! Bem, esse ainda resiste, mas é vendido e quem quiser provar tem que desembolsar uma grana. A tradição do pula fogueira e virar compadre acabou. O casamento na roça virou assédio.
Soltar balão, a polícia proibiu (tiveram suas razões). A queima de fogos se transformou em guerra e a justiça teve que intervir. As roupas típicas deram lugar à sensualidade e as minas ainda exigem respeito, mas é pra quem tem. A canjica, pamonha, rabinho de macaco pouca gente sabe o que é, e caso queira comer milho assado ou cozido, vai ter que comprar. Quadrilha, só de ladrão.
Já o forró, esse não tem tido muita sorte! Não se ouve mais Zé Mamédio, Trio Nordestino ou músicas da época estilo pé de serra. No São João 2019, deu de tudo: brega, funk, arrocha, forró universitário, forró elétrico e muito, mais muito pagodão quebradeira, daqueles para paredão. É como disse um amigo meu de uma banda: "a gente toca o que dá dinheiro," fiquei sem palavras.
Comentários