Petróleo pouco minha gasolina primeiro

Crônica

No Brasil, a obrigatoriedade de se acostumar com as crises fez o brasileiro mudar alguns hábitos
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O arado movido a tração animal dispensa combustível
Eu ainda era menino quando minha mãe falava: "vai chegar um dia que a gente não vai ter o que comer", se lamentava a velha. O tempo passou, eu cresci e a realidade foi diferente, hoje escolhemos o que comer, graças a Deus. Minha genitora errou quando falou da falta de alimento, mas "nem só de pão viverá o homem", segundo a Bíblia.

A crise do cacau me obrigou a viver na capital e comer enlatados. O preço do petróleo me fez andar de bicicleta e me privar de levar minha gata a um restaurante bacana. Como se não bastasse, o governo federal prioriza o produto exportado e deixa o nosso ser jogado fora, os agricultores que o digam. Mas, nem tudo foi ruim. Vejamos o que fiz para driblar as crises.

Enquanto os municípios brigam pela sua parte no pré-sal, eu procuro capim verde para alimentar meu jegue. Os enlatados caros foram substituídos pelas frutas naturais da roça, onde moro atualmente. O carro que consumia bastante combustível foi trocado por uma motocicleta, que gasta menos da metade, sem esquecer que nas viagens pequenas eu uso meu jumento.

As roupas de marca, na verdade nunca usei... Assim vou driblando a crise e dando um basta no capitalismo selvagem que obriga as pessoas a viverem esmagados em conduções lotadas para depois de velhos, gastarem o dinheirinho que ganhou com tanto trabalho em farmácias, mas e os preços dos remédios? Deixa pra lá, os meus são da flora do restinho da mata Atlântica da Bahia.

Minha mãe não sabia que voltando às origens, poderíamos ser libertos de um inimigo invisível que consome a sociedade diariamente. Existem várias maneiras de quebrar os grilhões e não ser como "Maria vai com as outras", nas mãos dos estadunidenses. A Venezuela perdeu um grande líder e agora penso: a raça ruim vai fazer de tudo para invadir as reservas dos sul-americanos.

Conclusão

Nasci e me criei comendo banana na roça que nem era do meu pai, depois inventei de ir para a "civilização", maldita hora. A herança da minha avó foi a porta de escape para um homem que não acredita em riqueza material e se contenta com um sorriso e um punhado de farinha seca na hora da fome, louvado seja Deus. O dinheiro. Ah, esse aí! Ninguém leva no caixão e ponto final.

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