Crônica
Eu pago e eles se divertem
Foto: Google
Eles deveriam me carregar no colo |
Se eu fosse uma celebridade
Eu
mandaria construir um castelo com notas de cem reais, dobradas em forma de
blocos, assim a visita não teria dificuldade em levar um souvenir. Pensando
bem, acho melhor mudar de assunto! Ia aparecer gente do arco da velha dizendo
ser meu parente. Gente é assim, quando o cara é pobre ninguém percebe, mas
depois que vira um artista, haja parentes.
Outra
coisa que eu faria era comprar uma fantasia do homem invisível, assim eu
ficaria mais real. Ninguém enxerga pobre, mas quando vira uma celebridade,
nossa, quanto tapinha nas costas! Para aumentar meus lucros, eu mandaria
construir uma fábrica de sacos. Eu ia precisar de muitos, para suportar tanta
falsidade e sorrisos forçados de pessoas que fingem me amar.
Até
meu gato preto, mudaria de nome! Passaria a se chamar: Bichano afrodescendente.
Celebridade adora inventar moda. Também não poderia esquecer de comprar o
disfarce com narigão, óculos e sombrancelhas grandes, só para caminhar pelas
ruas de Ibirataia sem ser incomodado pela tietagem. Mas, como eu não sou
celebridade, ando por aí à vontade.
Ainda
bem que ninguém me percebe! Minha sandália (havaiana) verde com a bandeirinha
na correia, já gastou de tanto caminhar pelas ruas da cidade. Até hoje, ninguém
sabe quem eu sou, que maravilha! Meu bichano pode ficar tranquilo, seu nome
continua o mesmo, gato preto. A ideia da fábrica bem que seria viável nessa
época para suportar as celebridades (pelo menos se acham) pedindo o meu
precioso voto.
Como
tudo tem um final, essa onda passa e no dia 8 de outubro, uns choram outros se
divertem às custas dos artistas que proporcionaram espetáculos ao longo dessa
eleição. Nunca vi tanta gente querendo ser bonzinho, se fazendo de santo para
ganhar os tolos. 1 deles será o chefe (quase maior) da cidade. 11 menores,
tentarão uma chance de comer caviar às minhas custas.
Eu pago e eles se divertem
Êpa, e eu pago tudo?
Nesse caso, eu é quem sou a verdadeira celebridade. Sustento o sistema, pago as contas dos cordeirinhos, suas viagens, seus desfrutes e deleites, mas eu continuo aqui sendo tratado como escória. Eles deveriam me carregar no colo e me chamar de painho. A campanha está terminando e não ganhei sequer uma sandália nova e ponto final!
Roger Bahia
Um jeito diferente de fazer Jornalismo
http://blogdorogerbahia.blogspot.com
blogexpresso@hotmail.com
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