Academia de Jiu-Jitsu promove inclusão social em Ibirataia

A arte marcial é usada como defesa pessoal, mas tem sua utilidade na formação de um cidadão

                               Fotos: Roger Bahia
O Sansei Roosevelt imobilizando um dos alunos  
"Arte suave" é o nome dado a modalidade esportiva nascida na Índia, migrada para a China e propagada no Japão. O Jiu-Jitsu se popularizou pelo mundo devido a migração de mestres para outros continentes, onde ministravam aulas que resultariam em sua sobrevivência. Esai Maeda Koma ou Conde Koma foi um deles, que viajou pelas Américas até chegar ao Brasil em 1915.

Instalado em Belém do Pará, no ano seguinte conheceu Gastão Gracie, pai de 8 filhos. O mais velho Carlos Gracie, foi levado para aprender a lutar com o Mestre Koma. Depois disso, Carlos passou os conhecimentos para os irmãos e divulgou a arte no Brasil. Com o domínio da técnica, a família Gracie viu no Jiu-Jitsu uma forma de ser mais tolerante e levar uma vida saudável.

Em Ibirataia, a primeira academia da arte marcial surgiu em 2007, fundada pelo ex-soldado do Exército, nascido no município, Roosevelt Lino Silva Júnior de 36 anos. Segundo o Sansei (Professor), essa arte mudou a sua vida: "esse trabalho me deu muito equilíbrio espiritual devido à filosofia de vida que levava antes", comentou ele com o olhar perdido no horizonte.

Jean de 9 anos posa com prazer para a foto  
"É uma missão que tenho por Ibirataia. Meus alunos que podem, ajudam os que não conseguem pagar suas contribuições para a manutenção da academia", declarou Júnior como é popularmente conhecido. Jean Marcelo dos Santos Silva de 9 anos, pratica o Jiu- Jitsu desde maio (2011): "o professor é bom ele me ensina muita coisa e se eu não tivesse aqui estava no facebook", disse o menino.

Além da disciplina pessoal, o esporte ajuda na socialização: "é uma forma de lazer e ensino. O valor investido não paga o prazer que ele sente ao participar dos treinamentos", comentou Jeane, mãe do pequeno Jean. Nem só as crianças aprendem as doutrinas do oriente. Bruno Leite é um dos alunos mais velhos em atividade, está desde 2008 e pretende seguir até as graduações mais altas.

Bruno Leite é um dos parceiros que ajuda a manter a academia em funcionamento 
O jovem de 36 anos está na faixa azul e disse que o Jiu-Jitsu é uma opção para quem não gosta de futebol: "nem todos adotam o futebol como esporte, então a cidade se torna carente de outras modalidades esportivas. O custo alto acaba sendo uma barreira para o avanço da arte. Outro fato é o valor do Kimono e da mensalidade, nem todos podem pagar", disse Bruno.

Rafael Fair é outro veterano. Segundo ele, a discriminação também é motivo da não aceitação das pessoas: "eu tinha resistência, era um preconceito meu quanto ao esporte, pelo fato de ser de contato direto, mas depois que conheci comecei a praticar e perdi 15 kg em 4 meses de aula. Além disso, fiquei curado da falta de ar que eu sentia",  confessou o rapaz empolgado.

Roosevelt exibe com orgulho as medalhas de vice no brasileiro e campeão baiano 
O Sansei Roosevelt defende um sonho: "pretendo ver meus velhos alunos representando bem Ibirataia em eventos nacionais e até espalhados pelo mundo. Júnior, foi vice-campeão brasileiro em 2010, em Feira de Santana e campeão baiano de 2009, em Itabuna. O momento mais frustrante na vida do professor foi a derrota em 2007, quando vivia problemas pessoais e caiu em uma chave de braço.


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