O menino que queria voar

Homenagem a Alberto Santos Dumont inventor do Avião

Santos Dumont sentiu desgosto ao ver seu invento matando pessoas



O menino que queria voar


Por: Roger Bahia
20 de novembro de 2013

Este causo é diferente
Contando me surpreende
Mas preste muita atenção
Nas coisas que a gente sente
É tanto desejo louco
Que passa na nossa mente.

Outro dia ouvir dizer
Que uma mulher sertaneja
Queria comer sabão
Servido em uma bandeja
Por causa da gravidez
Criou-se uma grande peleja.

Depois falaram de um homem
Inteligente e letrado
Que tinha uma vontade estranha
Só queria viver sentado
E acabou inventando
O jogo de estofado.   01

O homem quando criança
Pensa coisas impossíveis
Respirar debaixo d`água
Fazer tarefas difíceis
E viver contos de fadas
Brincando crescem felizes.

A história que vou contar
Tem um pouco de loucura
Porque um menino sábio
Queria viver de aventura
E pensou ter grandes asas
Pra voar lá nas alturas.

No estado de minas Gerais
Nasceu um garoto esperto
Vivia inventando artes
Ele não ficava quieto
Muito dinheiro ele tinha
Não esquentava com o resto.    02

Queria subir nas montanhas
Viajar no mar profundo
Mas seu verdadeiro sonho
Era voar pelo mundo
Se sentindo passarinho
Sem definir o seu rumo.

Todo sonhador tem vontade
De na vida crescer
Inventando suas artes
Tudo ele quer fazer
Com uma dose de coragem
Sem nunca esmorecer.

Com esse sonho maluco
O menino se mudou
E foi morar em Paris
Onde tudo começou
Botou motor no balão
E a torre rodeou.      03

Nadar, correr pelos campos
Subir e descer montanhas
São artes de todo menino
Que sabe curtir sua infância
Mas viver nas alturas
Era uma grande lambança

O jovem era insistente
E nada o desanimou
Nem mesmo a língua do povo
Não o desestimulou
De prosseguir com o plano
De voar com um motor

Penso eu que na cidade
Onde o garoto morou
Seus vizinhos já diziam:
“vixe” Albertinho pirou!
Mas ele não se importava
Isso mais o animou.           04

Seu pai era muito rico
Podia pagar os inventos
Do menino que queria
Planar levado por ventos
A bordo de um troço esquisito
Que até hoje me surpreendo.

Depois de tanto pensar
Ele então concluiu
Que faltava pouca coisa
E para o teste partiu
Mas o trambolho quebrou
Mesmo assim não desistiu.

Depois de ser consertado
O motor ele ligou
Mas não conseguiu voar
Apenas no chão andou
Faltavam as regulagens
Nas asas e no motor.   05

Apertou o parafuso
Regulou as engrenagens
Consertou o trem de pouso
Pra melhor aterrissagem
E convidou os amigos
Para verem a decolagem.

A multidão bem atenta
Assistia ao grande show
E veja que maravilha
O troço levantou voo
Mas ficou por pouco tempo
E logo aterrissou.

Albertinho era bem jovem
Quando pensou em voar
Teve o apoio da família
Que incentivou a estudar
E foi mandado pra França
Para se capacitar.             06

Depois de muito estudar
O sonhador concluiu
Que faltava pouca coisa
E forças adquiriu
E no seu monstro de asas
Mais uma vez ele subiu.

Verificou o motor
As asas como muito carinho
Pois tudo o que ele queria
Era voar feito passarinho
Em cima da sua máquina
Alberto estava sozinho.

No giro da ignição
Um barulho se formou
E o monstro feito de ferro
Logo voo levantou
E todos diziam espantados.
O que foi que ele inventou?   07 

Vinte e três de outubro
De 1906
Foi nessa data que Alberto
Alegrou o povo francês
E voo pela cidade
Mostrando aquilo que fez.

Batizado de avião
Muitos prêmios conquistou
E chamou 14 Bis
Aquele troço voador
Mas nem tudo virou glória
Para o jovem inventor.

Depois que o seu invento
Ficou aperfeiçoado
Começou cruzar os mares
Voando pra todo lado
Levando gente a bordo
O sonho foi realizado.             08

Mas a ganância humana
Violência e ingratidão
Fizeram daquele transporte
Arma de destruição
E equiparam com bomba
Metralhadora e canhão          

Na primeira grande guerra
O avião foi usado
Destruiu vilas e bosques
Nem o Japão foi poupado
Por causa dessa tragédia
Alberto ficou irado.

Criado pra fazer bem
Transportar os viajantes
E o semblante do inventor
Abateu-se num instante
Pensou em se isolar
A cena era intrigante.        09

Ele ficou renomado
Com a sua invenção
Mas uma grande tristeza
Entrou no seu coração
Investiu tanto dinheiro
Para a sua destruição.        

A sua obra caiu
Sobre sua própria cabeça
Está escrito na bíblia
E disso nunca se esqueça
Quem cava uma cova funda
Torça pra que nela não desça.

Alberto Santos Dumont
Ganhou fama e dinheiro
Mas junto com essa grana
Veio também desespero
Retornou para o Brasil
Pra viver em cativeiro.         10

Depressivo e cansado
Apelou para as nações
Que não usasse avião
Pra causar destruição
Mas o pedido de Alberto
Não foi ouvido não.  

A maldade humana
É desde os tempos antigos
Isso não é novidade
Acredite no que digo
E pra encurtar a prosa
Somos de poucos amigos.

A agonia do inventor
Aumentava a cada dia
E uma guerra em São Paulo
O gosto da morte trazia
Ficou sozinho no quarto
Onde se suicidaria.              11

Cinquenta e nove anos
Tinha muito pra viver
Mas esse foi o destino
Que ele não pode prever
E foi o seu próprio invento
Que o fez desfalecer.

Morreu só e isolado
No canto sem ter ninguém
Hoje te conto a história
Conte também pra alguém
Se seu sonho era voar
Ele voo para o além.

Aqui eu presto homenagem
Ao inventor do avião
Que até hoje me fascina
E alegra meu coração
E saiba que essa história
Não é mentira não.               12












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